sexta-feira, 19 de julho de 2013

Diário de uma Cidade Conquistada: um legado de João Jorge


Capa

Diário de uma Cidade Conquistada é, sem sombra de dúvidas, o mais importante escrito acerca da Revolução Constitucionalista de 1932 em solo amparense. Escrito por João Jorge, figura mítica e importantíssima à cultura regional, o livro se organiza na forma de um diário. Inicia-se a partir do dia 1 de setembro de 1932 até o 4 de outubro. A obra originou-se de anotações feitas pelo autor, ainda jovem, presenciando a guerra cívica no burgo amparense. 



João Jorge

Conforme o próprio autor As anotações que deram origem a este modesto Diário, foram apanhadas ao vivo, em cima dos fatos, não sofrendo para sua publicação qualquer emenda, afim de não perderem alguma cor local que elas por acaso conseguiram captar. Tudo ficou tal como foi coligido naqueles dias vividos e sofridos pela população amparense.


A seguir, pontos da cidade de Amparo que foram cenários na Revolução de 32.



Prédio da antiga Prefeitura de Amparo (atual Museu Histórico). Foi tomado pelas tropas getulistas, tendo a frente Benjamin Vargas, irmão do ditador GV. Conta-se que, devido a fuga das autoridades locais, a sede do Executivo amparense estava vazia. Os ditatoriais, a fim de assinarem os termos de invasão, literalmente 'pegaram' dois civis que passavam na rua, no momento: Antonio Veronezzi e o velho Martello.



O Hotel Berardo, na Pça Pádua Salles, foi tomado e transformado em Quartel General das tropas federais.


Antiga Confeitaria Quatro Nações (atual pastelaria Copa de Ouro): era onde os oficiais getulistas se alimentavam e se reuniam. De suas bancadas, João Jorge observou e anotou muitos acontecimentos.


Antiga Vila em que muitos soldados federais de hospedaram. Atualmente é um estacionamento.


Estação Ferroviária da Pça Pádua Salles: palco de grandes acontecimentos na epopeia de 32. Por lá soldados chegavam e prisioneiros eram levados aos campos de concentração e prisões.



Colégio Luís Leite, onde se alojaram as tropas cearenses e alagoanas.


Colégio Rangel Pestana: gaúchos alojados.



Prédio do Liceu de Artes e Ofícios: abrigo aos civis amparenses.


Prédio do Asilo de Idosos: abrigo aos civis amparenses.




Venda dos Panhans, no fim da rua Cap. Alceu Vieira. Leiam fragmento de João Jorge: Alguns soldados forçaram os Panhans a vender pinga. Compraram o mata-bicho quasi a muque. Mesmo assim foram os negociantes detidos, pae e dois filhos. Fizeram-nos vestir farda paulista e como prisioneiros de guerra foram levados à estação para o embarque. A cena que a família fez, na gare,cortou o coração do povo. Teve também o condão de amolecer o animo dos dominadores. Isso evitou mais um embarque para a Ilha. O fato resumiu-se por fim na prisão dos soldados bebados e o povo foi dispersado a valentona.







sexta-feira, 12 de julho de 2013

Cerimônia de Posse da Presidência Sociedade M.M.D.C

No dia 08 de Julho de 2013, nas dependências da sede da Sociedade dos Veteranos de 32, ocorreu a cerimônia de posse do novo quadro de dirigentes da entidade. O Coronel Mário Fonseca Ventura foi reeleito Presidente para o novo biênio, até 2015. Foram empossados, também, os Presidentes do Conselho Deliberativo e do Conselho Fiscal. No evento, apresentou-se, também, o novo Comandante do Exército Constitucionalista - William Worth- e realizou-se a entrega da Medalha Constitucionalista ao Vereador Toninho Paiva, pelos méritos dispensados à valorização da Epopeia de 32.


Coronel Mário Ventura


Vereador Toninho Paiva, em discurso


Descerramento da Placa


Canto no Hino Nacional Brasileiro


Entrega da Medalha Constitucionalista ao Vereador Toninho Paiva


Coronel Ventura ladeado de convidados e membros do MMDC



Créditos fotográficos: Antonio Carlos Aristides

domingo, 30 de junho de 2013

Tributo a Argemiro Alves Silvestre

Homenagem do 19º Núcleo de Correspondência Amparo a São Paulo ao amparense Argemiro Alves Silvestre, acadêmico do quarto ano da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, e combatente do Batalhão 14 de Julho, emanado das fileiras de bravos alunos desta Academia de Direito de São Paulo.





Mural dos Bacharéis do Gymnásio S.Joaquim -Lorena 1924




Homenagem do Liceu Coração de Jesus ao Prof. Argemiro A. Silvestre -1933



Monumento Largo São Francisco 



Alunos 1º ano Turma Argemiro A. Silvestre


Combatentes e colegas de Argemiro do Batalhão 14 de Julho





Relação de alunos mortos em combate


Pin do Batalhão 14 de Julho









Por intermédio de valorosos membros da Família Silvestre, tivemos acesso à lista de presença do velório de Argemiro Alves Silvestre, realizado na cidade de Amparo. Na lista, constam nomes de peso da sociedade amparense, estando presentes políticos, fazendeiros, comerciantes e indivíduos de importantes famílias da cidade.











O RESPEITO E REVERÊNCIA DO POVO AMPARENSE AO ILUSTRE FILHO MORTO EM COMBATE, LUTANDO PELA DEMOCRACIA. 

domingo, 16 de junho de 2013

Diploma de Pesquisador Associado Honorário do 1º NC Paulistas de Itapetininga! Às Armas!

Recebi, com muita honra, do 1º Núcleo de Correspondência de Itapetininga o Diploma de Pesquisador Associado Honorário. Muito satisfatório a Amparo poder contribuir na promoção do culto à 32. Viva os Paulistas!


Dedico esta homenagem aos soldados constitucionalistas de Amparo. Respeitosamente, Guilherme Mantovani Coli.

sábado, 8 de junho de 2013

Poemas de Guilherme de Almeida: emoções paulistas

Emocionantes versos do poeta campineiro. Viva a Bandeira Paulista!



NOSSA BANDEIRA

Bandeira da minha terra,

Bandeira das treze listas:
São treze lanças de guerra
Cercando o chão dos paulistas!

Prece alternada, responso

Entre a cor branca e a cor preta:
Velas de Martim Afonso,
Sotaina do Padre Anchieta!

Bandeira de Bandeirantes,

Branca e rota de tal sorte,
Que entre os rasgões tremulantes,
Mostrou as sombras da morte.

Riscos negros sobre a prata:

São como o rastro sombrio,
Que na água deixara a chata
Das Monções subido o rio.

Página branca-pautada

Por Deus numa hora suprema,
Para que, um dia, uma espada
Sobre ela escrevesse um poema:

Poema do nosso orgulho

(Eu vibro quando me lembro)
Que vai de nove de julho
A vinte e oito de setembro!

Mapa da pátria guerreira

Traçado pela vitória:
Cada lista é uma trincheira;
Cada trincheira é uma glória!

Tiras retas, firmes: quando

O inimigo surge à frente,
São barras de aço guardando
Nossa terra e nossa gente.

São os dois rápidos brilhos

Do trem de ferro que passa:
Faixa negra dos seus trilhos
Faixa branca da fumaça.

Fuligem das oficinas;

Cal que das cidades empoa;
Fumo negro das usinas
Estirado na garoa!

Linhas que avançam; há nelas,

Correndo num mesmo fito,
O impulso das paralelas
Que procuram o infinito.

Desfile de operários;

É o cafezal alinhado;
São filas de voluntários;
São sulcos do nosso arado!

Bandeira que é o nosso espelho!

Bandeira que é a nossa pista!
Que traz, no topo vermelho,
O Coração do Paulista!

À SANTIFICADA

Voltas ao reduto.

Com sete tarjas de luto,
Seis faixas brancas da paz,
E teu penacho vermelho,
e São Paulo dobra o Joelho,
Ao beijo que tu lhe dás.

Vens…

Tu fostes a condenada.
A réproba incinerada,
Que de um ímpio auto-fé,
Deixa na história em resumo,
Negro carvão, branco fumo,

Vermelho flama de fé.

Retemperou-te a fogueira,
Vens como vinha a bandeira,
Da fornalha de sertão,
Santificou-te o suplício,
Repetiu-se o sacríficio,
De Joana D’Arc e Ruão.

Voltas a nós vigilante,

Mãe, esposa, irmã, amante,
Noiva, filha, volta, pois,
É preciso que proves.
Que existiu um nove
de julho de trinta e dois.

E há uma velha faculdade,

Ensinando a mocidade,
Com ela foi que aprendeu.
E houve um brasão mameluco,
Que disse “Non Ducor, Duco!”
E um São Paulo que disse “EU!”

E houve uma noite de heroísmo,

Que marcou o teu batismo,
De glória: É por isso que
Tens quatro letras gravadas
Nas quatro estrelas douradas
Do topo: M.M.D.C.

Já a garoa, nosso incenso,

Beija o teu pano suspenso,
Ao teu mastro, que é uma cruz,
Vês? É um altar em cada casa,
Sobre a qual estende a asa,
Rajada de sombra e de luz.

Fala! É preciso que fales

De tudo, de Fernão Sales,
De Cunha, Funel e Buri,
De Etentério [?] da Pedreira,
Do soldado da trincheira
Que só falavam de ti.

Lembra a mulher da cantina,

Do hospital e da Oficina,
Beleza do nosso bem!
E as crianças num sorriso,
Jurando: “Se for preciso
nós partiremos também.”

Recorda a campanha do ouro

Acumulando um tesouro,
Que nunca se esgotará!
Depois a prisão, o exílio,
A saudade, o nobre auxílio,
Da mão distante que dá.

E agora…agora de novo

Abençoado este povo.
Que tanto soube esperar
Esperança dos Paulistas,
Bandeira das treze listras
Desfraldada em cada lar.

Reza a oração que dizia:

– Preto e branco, noite e dia,
Pois dia e noite estarei
Como um apóstolo, soldado,
Gente Paulista a teu lado,
Pela lei e pela Grei.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Heróis amparenses mortos

 http://www.arquivoestado.sp.gov.br/exposicao_1932/pdf 


Alonso Ferreira de Camargo (Voluntário)
Com idade bastante para prestar seus serviços em trabalhos menos pesados da retaguarda. Alonso Ferreira de Camargo preferiu, no entanto, as agruras da trincheira. Alistou-se no batalhão “14 de Julho”, em cujo encalço embarcou para Itararé. Com ele, tomou parte em vários renhidos combates, até 23 de agosto, quando colhido por estilhaços de granada, em Buri, ficou gravemente ferido. Trazido para a Capital e internado no Instituto Paulista, ali faleceu a 30 do mesmo mês. Seu corpo foi transladado para Amparo, onde nascera.
Alonso era filho do Sr. João Bellarmino Ferreira e da Sra. Francisca Viegas Ferreira de Camargo, nascera em Amparo, aos 27 de setembro de 1887. Contava, pois, 45 anos ao incorporar-se. Casado com a Sra. Maria Fausta Nogueira de Camargo, deixou duas filhas: Celina e Inah. Era irmão dos Srs. Dr. Lauro Ferreira de Camargo, desembargador na Côrte Suprema e ex-interventor federal de São Paulo, casado com a Sra. Noêmia de Almeida Camargo; Sr. Clóvis Ferreira de Camargo; e Sras. Lecticia, casada com o Sr. Benedito Lino de Campos e Ottilia, casada com o Sr. Paulo Nogueira.
Alonso Ferreira de Camargo ocupava cargo de alto relevo na Secretaria da Agricultura, tendo sido escolhido, por varias vezes, para importantes comissões. Viajado, conhecia a Inglaterra, a França, a Suíça e a Alemanha, falando corretamente, além do português, o francês e o alemão.   



Antonio Américo de Camargo Andrade
Nasceu no dia 3 de dezembro de 1901, filho do Sr. Nabor de Camargo Andrade, falecido e da Sra. Hermelinda Nogueira de Camargo. Era casado com a Sra. Inaiah Teixeira de Camargo e deixou três filhos: Clesio, Yara e Hermelinda.
Era irmão do Sr. Cyro de Camargo Andrade e da Sras. Laura e Rita de Camargo Sampaio Ferraz.


Argemiro Alves Silvestre (Voluntário)

Dos bancos da Faculdade de Direito, quase desertos naqueles dias inesquecíveis de 32, partiram muitos moços para as lides heróicas das trincheiras constitucionalistas. Dentre os que foram Argemiro figurava na dianteira. A mesma data marcou a sua incorporação e deu nome ao batalhão que o levaria para a glória e para a morte: “14 de Julho”. Integrado na 3ª cia., 2º pelotão, lutou bravamente no setor Sul. E morreu com a vista esquerda atravessada por uma bala, na posição que ocupava numa trincheira do Serrado, à margem do rio das Almas. Sepultado ali mesmo, foi mais tarde seu corpo levado para Amparo, sua cidade natal. Incorporado a 14 de julho, embarcou para a frente dia 18 e, exatamente dois meses depois, a 18 de setembro tombou, completando seu sacrifício.
Argemiro era quartanista de Direito, professor do Lyceu Coração de Jesus, do qual houvera sido também aluno, sua memória recebeu deste estabelecimento de ensino varias homenagens, entre as quais uma série de cartões com os seguintes dizeres:
“PROF. ARGEMIRO ALVES SYLVESTRE – Era filho do Sr. José Sylvestre Martins e da Sra. Maria Rita da Conceição Sylvestre. Nasceu em Amparo a 28 de Junho de 1904. Modelar ex-aluno do Lyceu, quartanista de Direito, fez parte do Batalhão “14 de Julho” dando à causa de São Paulo o máximo de seu contingente: a vida que perdeu heroicamente nos campos do Serrado (Rio das Almas) no combate de 18 de setembro último. Portanto, Mestre incansável e dedicadíssimo do nosso externato, a sua morte prematura, si bem que heroica, deixa um vácuo profundo em todos os seus colegas e discípulos. A ele conceda Nosso Senhor o descanso eterno”.


Humberto Angelo Beretta (Voluntário)

Incorporado ao “Batalhão 23 de Maio” desde 13 de julho, com batismo de fogo recebido a 17, Humberto Angelo Beretta tomou parte em diversas arriscadas operações, valendo-lhe a sua atuação divisas de sargento, posto que honrava quando da retomada de Amparo, a 18 de setembro. Nesse dia, atingido na garganta, morreu combatendo. Está sepultado no cemitério do Sylvestre em Amparo.
Amparense, nascido a 14 de julho de 1904, era Humberto filho do Sr. Joaquim Beretta e da Sra. Anna Maria Bertholdi e irmão de José Carlos, Benevenuto João, Amadeu, Elvira, Iracema e Yolanda Beretta. Solteiro, trabalhava no comércio em sua terra, onde era estimadíssimo e onde sua memória foi largamente homenageada.


João Garibaldi dos Santos (Exército)

Sorteado em São Paulo, João Garibaldi dos Santos, foi designado, como tantos outros, para servir em Mato Grosso. Entretanto estalou a Revolução Constitucionalista. As tropas de Mato Grosso aderiram ao movimento. E foi como cabo da 2ª companhia, nº320, do 18 B.C.de Campo Grande, sob o comando do tenente coronel Aquino Correia, que João Garibaldi dos Santos trabalhou, bravamente, no exercito, que batalhava pela reconstitucionalização do país. Morreu a 10 de setembro, em Porto Murtinho, naquele Estado, vitima de uma rajada de metralhadora. Foi sepultado no local onde caiu e, em outubro de 1935, foi transladado para Amparo.
João Garibaldi dos Santos nasceu em Amparo, a 6 de maio de 1909,filho do Dr. Garibaldi José dos Santos e da Sra. Josephina Maria da Conceição. Era solteiro e, antes de ingressar no exercito lavrador.



Nicolau Maffei (Voluntário)

Estamos em frente ao nome de um lidimo herói da Revolução Constitucionalista. Soldados e comandantes do batalhão a que pertencia o reconheceram. E o próprio adversário prestou-lhe as homenagens a que lhe davam direito sua bravura e seu patriotismo.
Nicolau Maffei incorporou-se ao Batalhão Constitucionalista de Presidente Prudente e seguiu para a frente das operações sob o comando do Coronel Miguel de Oliveira Brisola. Morreu no combate de Ribeirópolis, foi sepultado em Ribeirópolis pelo inimigo, o qual lhe prestou honras militares a que fazia jus, quer por ser oficial quer pela sua bravura que revelou o que foi reconhecida pelo próprio adversário.
Seu último combate é episódico: Cercado e intimado a render-se disse alto e bom som “Um paulista não se entrega”, caindo, segundos depois, varado pelas balas adversárias. Era, nesse dia, o terceiro ferimento que recebia, pois que as oito horas fora atingido na mão e as dez horas no peito. Continuara a combater. Indiferente aos rogos de seus camaradas não quis abandonar sua trincheira até que à tarde, cercado e já sem munição, preferiu morrer a se entregar.
Nicolau Maffei nascera em Amparo a 26 de fevereiro de 1905, filho do Sr. André Maffei e da Sra. Francisca Maffei. Era casado com Sra. Mathilde Alves Maffei, tendo deixado um filhinho de nome Nelson Tabajara Maffei. Era funcionário da Prefeitura Municipal de Presidente Prudente. A uma das ruas dessa cidade, em sua homenagem, foi dado seu nome.


Fonte: Livro Cruzes Paulistas



terça-feira, 4 de junho de 2013

Da Criação do 19º Núcleo de Correspondência de Amparo

Criado no dia 31 de Maio de 2013 pelo então Acadêmico da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, Guilherme Mantovani Coli, o 19º Núcleo de Correspondência Amparo a São Paulo - Fortes na Luta, Firmes no Amparo tem a honrosa missão de cultuar o importante evento da Revolução Constitucionalista de 1932 e de ofertar subsídios históricos acerca da participação da cidade paulista de Amparo no conflito. Esta terra, forjada no seio da expansão bandeirante e cristalizada no período áureo do café, prestou-se como sangrento campo de batalha em 32, ofertando de seus filhos a luta e o amor pela bandeira paulista e, por extensão, pela bandeira democrática.

                                                Placa- Praça Monsenhor Lisboa. Amparo/sp