domingo, 27 de novembro de 2016

A ARTE TUMULAR E A REVOLUÇÃO DE 32 - Primeira parte

Registros indeléveis da Revolução jazem sepultados em diversos campos santos e em monumentos, que perpetuam o ideal constitucionalista empregado na luta incansável dos paulistas pela causa de 32.



É destaque, neste primeiro momento, a mais marcante dessas homenagens póstumas reverenciando a epopeia revolucionária: o Obelisco de São Paulo.

As primeiras providências para a construção de um monumento ao soldado constitucionalista de 1932 foram tomadas em 1934.

As dificuldades, já de início, para traduzir no campo fático a ideia, exigiu a criação de uma Comissão Pró-Monumento, integrada por personalidades paulistanas, realizando-se o concurso para a escolha do projeto em 1937.

Comissão


Esse importante monumento, projetado pelo escultor ítalo-brasileiro Galileo Ugo Emendabili, que apresentou à Comissão Internacional Julgadora dois projetos, tendo se sagrado vencedor, por votação unânime, no Concurso Internacional, o que se denominava simplesmente: “32”.

A execução coube ao engenheiro alemão radicado no Brasil, Ulrich Edler a partir de 1942, sendo inaugurada em 1955, porém efetivamente finalizada em 1970. 


Construção do Obelisco do Ibirapuera (Foto: Museu da cidade de São Paulo)




Rico em simbologias e inscrições, o monumento funerário, teve sua arquitetura inspirada no obelisco americano e possui 1932 m², alusão a homenagem aos heróis de 1932. Apresenta cenas bíblicas e passagens da história paulista alusivas à revolução, montadas com pastilhas de mosaico veneziano. 

altos-relevos


No Mausoléu lê-se poemas e frases do escritor Guilherme de Almeida espalhados pelo local, como na fachada que ostenta os dizeres: “Viveram pouco para morrer bem, morreram jovens para viver sempre”., em homenagem aos estudantes. 


Os 32 projéteis em mármore, unidos por barras de bronze, para simbolizar a coesão



O Mausoléu do Soldado Constitucionalista, localizado no Obelisco do Ibirapuera foi tombado pelos Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT) e pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP), 


Imponente pelos seus 72 metros de altura, está localizado numa das áreas verdes paulistanas mais conhecidas e visitadas por munícipes e por turistas, o Parque do Ibirapuera, estrategicamente plantado no jardim que aponta para a Avenida 23 de Maio, data em que ocorreu a morte dos quatro primeiros revolucionários.

Obelisco próximo a Avenida 23 de Maio (Foto: Matheus Pinheiro de Oliveira e Silva)


Tendo como finalidade homenagear e abrigar os restos mortais de muitos combatentes trata-se de um Obelisco Mausoléu, onde repousam diversos paulistanos ilustres como Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo que compõem a sigla MMDC, Ibrahim Nobre, General Ataliba Leonel e 713 ex combatentes voluntários, dentre os quais, Ary Cajado de Oliveira e José Vicente Ferreira.


Cripta com restos mortais dos combatentes (Foto: Matheus Pinheiro de Oliveira e Silva)

"A Revolução não deveria terminar assim.Depois que fossem os filhos, iriam os pais. depois que eles morressem, iriam as irmãs, as noivas. Todos morreriam. Mais tarde, quando alguém passasse por aqui, neste São Paulo deserto, sem pedra sobre pedra, levantando os olhos para o céu, haveria de ler, no epitáfio das estrelas, a história de um povo que não quis ser escravo."
Ibraim Nobre

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